Amantes

O cinema é feito de explosões, efeitos especiais, pirotecnia, perseguições, gritos, coisas impossíveis. Mas de vez em quando aparece um filme que não tem nenhuma dessas ilusões, apenas sentimentos verdadeiros e reações humanas. “Amantes“, ao qual assisti hoje, é assim.

Leonard Kraditor, o personagem de Joaquim Phoenix, acabou de passar por um forte choque em sua vida, e na 1ª cena já o vemos em uma tentativa de suicídio. Os acontecimentos após mais esta frustração levam-no a ficar dividido entre duas mulheres: sua vizinha Michelle, por quem realmente se apaixona, mas é destruído pela revelação de que ela o quer apenas como amigo, pois está envolvida com um homem casado que, talvez, vá largar a família para ficar com ela; e Sandra, que demonstra estar realmente apaixonada por ele, mas em quem ele pensa apenas como um possível relacionamento arranjado por seus pais (sua família está fazendo negócios com a família dela).

A beleza do filme está na realidade dos personagens, em suas ilusões reais, seus sentimentos reais, seu medo real. A raiva contida de Joaquim Phoenix nos momentos finais poderia ter facilmente descambado para um festival de choralheira digno de novela mexicana, mas a vida real não é assim (ou, ao menos, não deveria ser).

Aliás, tenho que louvar a atuação estonteante do Phoenix, no tom certo de sofrimento contido. E também a Gwyneth Paltrow, que no Brasil é marginalizada por ter roubado o Oscar da Fernanda Montenegro, mas que é, sim senhor, uma boa atriz. Vinessa Shaw, que interpreta a Sandra, eu não conhecia, mas também tem uma atuação interessante, demonstrando seu amor por Leonard em pequenos gestos e palavras, mas sem nada muito efusivo.

A quem quiser fugir do cinema-espetáculo e empreender uma viagem ao cinema das pessoas reais, recomendo este filme.